sábado, 21 de maio de 2011

Runas


“Suspenso na Árvore assolada pelo vento,
Durante nove dias e nove noites fiquei.
Trespassado por uma lança, uma oferenda para Odin,
Eu mesmo me sacrificando e oferecendo-me a mim.
Amarrado e suspenso estive naquela Árvore,
Cujas raízes têm uma origem desconhecida aos homens.
Ninguém me deu pão para comer,
Ninguém me deu algo para beber.
Ao espreitar as profundezas abaixo de mim,
Agarrei avidamente as runas,
E apossei-me delas, dando um grito feroz.
Depois caí da Árvore, perdendo os sentidos.
(...)
Bem-estar eu alcancei com as runas, Sabedoria também.
Amadureci e alegrei-me com o meu crescimento.
Cada palavra conduziu-me a novas palavras,
Cada ato proporcionou-me novos atos e escolhas.”

“Havamal”, estrofes 138 e 139


As runas representam imagens e símbolos arquetípicos que atuam como uma linguagem sutil entre os vários aspectos do ser. Elas despertam o potencial latente da percepção intuitiva e alinham o buscador com um fluxo de energia mágica e espiritual.
Elas foram uma revelação iniciática obtida com intenso sofrimento por Odin. Para descobrir a sabedoria das runas, Ele submeteu-se a uma auto-imolação, sacrificando-se e oferecendo-se a si mesmo, empalado e suspenso na Árvore do Mundo Yggdrasil, por nove dias e nove noites.
As runas são divididas em Aettir, que significa em norueguês arcaico “família, tribo ou clã”. O Futhark Antigo é formado por 3 Aettir sendo cada um regido por um Deus e uma Deusa e tendo suas características próprias. Este Futhark é o mais usado e conhecido, é constituído por 24 runas, cada uma com sua própria simbologia.
O primeiro Aett é regido por Frey e Freiya (deuses da fertilidade), governa os assuntos materiais e define as qualidades que o iniciado deve adquirir.
O segundo Aett é regido por Heimdall e Mordgud (deuses guardiães) governa os assuntos emocionais e é dividido em 2 partes: a primeira significa superação de obstáculos e colheita de resultados, a segunda parte define os conflitos subjetivos e caminhos para o sucesso.
O terceiro Aett regido por Tyr e Ziza (divindades arcaicas) rege os aspectos mentais e espirituais e mostra onde o iniciado deve trabalhar para alcançar a iluminação.
A seqüência das runas representa um desenvolvimento progressivo e coerente: cada runa pode atuar em todos os níveis. As runas se entrelaçam e criam uma complexa teia de imagens, símbolos, significados, sons, números, cores, formas e alusões místicas.
Elas despertam o potencial latente da percepção intuitiva e alinham o buscador com um fluxo de energia mágica e espiritual.
O conhecimento e a prática das runas favorecem e ampliam o autoconhecimento, permitindo também a transmissão da sabedoria adquirida. No entanto, devemos ter em mente que as runas são mistérios sussurrados, ocultos pro metáforas e enigmas, mas que assinalam e oferecem ferramentas preciosas de transformação.
A aquisição de um jogo de runas não garante que se saiba usá-lo. O iniciante precisa entrar em sintonia e ressonância com as imagens primordiais que as representam e que se originaram do sistema de crenças dos antigos povos europeus.
Quando lidamos com as runas, entramos em contato com potentes forças elementais que têm um enorme poder quando interagem com nossa psique. AS runas tornam-se assim, um foco para o mergulho no subconsciente. Por isso, a leitura das runas deve ser feita com respeito e intenções sérias, sem leviandade, jamais por diversão ou brincadeira, com plena consciência de seus efeitos e das suas conseqüências, tanto para o consulente quanto para o próprio leitor.

Fonte: Mistérios Nórdicos, Mirella Faur

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