terça-feira, 1 de março de 2011

Kali


Kali, do sânscrito Kālī काली (que significa, literalmente, A Negra), é uma das divindades mais cultuadas do Hinduísmo. Apresenta-se com aspecto terrível e a tradição inclui sacrifícios animais e antigamente humanos -- segundo observado ainda pelos colonizadores ingleses noséculo XIX.
Na mitologia hindu, Kali é uma manifestação da Deusa Durga. Segundo a lenda, no primórdios dos tempos, um demônio chamado Mahishasura ganhou a confiança de Shiva depois de uma longa meditação. Shiva ficou agradecido por sua devoção e então lhe concedeu a dádiva de que cada gota de seu sangue produziria milhares como ele, que não poderiam ser exterminados nem pelos homens, nem pelos deuses. De posse de tamanho poder, Mahishaseura iniciou um reinado de terror vandalizando pelo mundo.
As pessoas foram exterminadas cruelmente e até mesmo os deuses tiveram que fugir de seu reino sagrado. Os Deuses reuniram-se e foram se queixar para Shiva das atrocidades cometidas pelo tal demônio. Shiva ficou muito zangado ao ser informado de tais fatos. Sua cólera, por sentir-se traído em sua confiança, saiu do terceiro olho na forma de energia e transformou-se em uma mulher terrível.
Shiva aconselhou que os outros Deuses também deveriam concentrar-se em suas shaktis e liberá-las. Todos os Deuses estavam presentes quando uma nova deusa nasceu e se chamou a princípio de Durga, a Mãe Eterna. Ela tinha oito mãos e os Deuses a investiram com suas próprias armas de poder: o tridente de Shiva, o disco de Vishnu, a flecha flamejante de Agni, o cetro de Kubera, o arco de Vayu, a flecha brilhante de Surya, a lança de ferro de Yama, o machado de Visvakarman, a espada de Brahma, a concha de Varua e o leão, que é o meio de locomoção de Himavat.
Montada no leão, transformou-se em Kali, e cega pelo desejo de destruição atacou Mahishasura e seu exército. A Deusa exterminou demônio após demônio, exército após exército e um rio de sangue corria pelos campos de batalha, até que finalmente, decapitou e bebeu o sangue de Mahishasura estabelecendo novamente a ordem no mundo.
Logo após as batalhas Kali iniciou sua eufórica dança da vitória sobre os corpos dos mortos. Com esta dança todos os mundos tremiam sob o tremendo impacto de seus passos. Em muitas ocasiões, seu consorte Shiva teve de se atirar entre os demônios por ela executados e deixá-la pisoteá-lo. Esse era o único modo de trazê-la de volta à consciência e evitar que o mundo desabasse.
No entanto, no paganismo ela é a verdadeira representação da natureza e é também considerada por muitas pessoas a essência de tudo o que é realidade e a fonte da existência do ser. Deusa da morte e da sexualidade, Kali - cujo nome, em sânscrito, significa "negra" - é a "esposa" do Deus Shiva, em algumas culturas, pois segundo os Vedas, pois Shiva é trasformado em Kali, que seria um de seus lados, para trazer o fim, segundo o tântrismo é a divina "Mãe" ou Pai do universo, destruidora (o) de toda a maldade. É representada (o) como uma mulher exuberante, em uma parte da India em outra como Homem de pele escura, que traz um colar de crânios em volta do pescoço e uma saia de braços decepados - expressando, assim, a implacabilidade da morte.
Kali Ma é uma deusa hindu de dupla personalidade, exibindo traços tanto de amor e delicadeza quanto de vingança e morte terrível. Era conhecida como a Mãe Negra, a Terrível, Deusa da Morte e a Mãe do Carma. Ela é mostrada agachada sobre o corpo inerte de Shiva, devorando seu pênis com sua vagina enquanto come seus intestinos. Essa imagem não deve ser entendida literalmente, ou visualmente, num plano físico. No sentido espiritual, Kali recolhia a semente em sua vagina para ser recriada em seu ventre eterno. Ela também devorava e destruía toda a vida para que fosse refeita.
Como Klika, ou Anciã, ela governa todas as espécies de morte, mas também todas as formas de vida. Ela representa as três divisões do ano hindu, as três fases da Lua, três segmentos do cosmo, três estágios da vida, três tipos de sacerdotisas (Yoginis, Matri e as Dakinis) e seus templos. O s hindus reverenciavam o trevo como emblema da divindade tríplice de Kali. Eles diziam que se não podemos amar a face negra de Kali, não podemos esperar por nossa evolução.

A Lua minguante e a Lua Negra estão associadas a Kali. Aqui, há o domínio dos instintos, do indiscriminado. Tudo pode se transformar no seu oposto. É o momento lunar mais negado no psiquismo da mulher e está severamente vigiado para que não venha à tona. É o feminino sombrio, mas que também pode trazer iluminação à consciência. É mais uma passagem, ligada a processos de transformação.A energia de Kali simboliza o poder destruidor/criador que está reprimido em muitas mulheres que nos séculos passados se adaptaram a um modelo socialmente determinado de comportamento dependente, sedutor e guiado pelo sentimento de culpa. Só nos últimos cem anos é que a força da mulher começou a retomar contato com seu poder pessoal.
Kali é a Deusa Escura, cuja escuridão nada tem a ver com o "mal". Muitos povos vêem o mundo com a dicotomia do claro/escuro, bem/mal. Entretanto, para o hinduismo não existem estas oposições. No pensamento hindu não existe o mal, mas há o carma.

Alguns Atributos da Deusa

Nos inúmeros templos dedicados a Kali, nos santuários ou locais especiais em florestas, nos campos e bosques, nas montanhas, ela é mostrada conforme descrita em textos clássicos, como uma deusa azulada ou negra, com quatro braços, sempre em uma postura desafiante, segura e radiante.
Em geral, ela aparece nua, com um corpo lindíssimo, seios fartos, símbolo da criação, da prosperidade e da mãe que alimenta e protege; quadris largos, símbolo da fertilidade, e pernas fortes e bem torneadas, símbolo da força feminina.
Seus cabelos são negros, imensos e soltos até abaixo dos quadris, símbolo da liberdade e da autonomia feminina, muktakeshi.
Sua face é avermelhada e, na maioria das ilustrações, sua língua está fora da boca, símbolo do desprezo pela vulgaridade e pelo comportamento mundano, bestial ou tamásico.
Seus dentes brancos simbolizam a pureza e a paz espiritual, ou sattva.
Ela tem três olhos, símbolo da mais profunda perfeição espiritual feminina. No pescoço, carrega um longo colar contendo 50 crânios humanos, representando as 50 letras do alfabeto sânscrito, chamadas shabda, ou o som em seu estado vibracional manifesto e do qual procede toda a criação, e símbolo do conhecimento e da sabedoria. Pode igualmente significar a destruição ambiental que o ser humano está causando no planeta.
Na mão esquerda superior, porta uma cimitarra, símbolo da justiça divina. Na mão esquerda inferior, porta a cabeça do maligno Rakta Beej, símbolo da vitória do bem sobre o mal. Na mão direita superior, mostra o Abhaya Mudra, símbolo da coragem e da segurança interior. Na mão direita inferior, mostra o Varada Mudra, símbolo da bondade, da benevolência e da concessão. Contudo, as muitas mãos simbolizam também a capacidade de realização de muitas mulheres juntas e unidas, se compreenderem tal força.
Embora nua, na cintura apresenta um avental de braços e mãos humanas, símbolo da força e da capacidade de criar e produzir. Sob este aspecto simbológico da nudez, a deusa Kali é chamada Digambara, “vestida do céu ou do espaço sideral”. Em outras palavras, significa que, quando a visão mundana é superada, obtém-se a visão divina ou da realidade sem limites e sem condicionamentos, sem medos ou inseguranças inúteis. Tudo se torna pleno, radiante e bem-aventurado. E esta é a meta e o objetivo final de todas as devotas e devotos de Digambara. Assim, Kali é a divina sabedoria que põe fim a toda ilusão, maya.
Sob seus pés pode ou não apresentar-se um ser vencido na guerra, símbolo da capacidade feminina de vencer o ego (ahamkara), a ambição, a ganância e a maldade, obtendo o equilíbrio interior e a paz espiritual, e assim resgatar a própria divindade feminina.
Kali pode também aparecer com dez cabeças ou dez braços, ou com o chamado cabelo flamejante (jvala kesha) em outras manifestações ou simbologias.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Kali
http://forum.intonses.com.br/espiritualidade-f7/deusa-kali-t2643.html
http://www.revistasextosentido.net/news/a-deusa-kali/

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